segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Presidente Dilma e seus principais assessores foram alvos diretos de espionagem americana


Uma reportagem exibida neste domingo, 1º, pelo programa Fantástico, da TV Globo, revelou que a presidente Dilma Rousseff e seus principais assessores foram alvos diretos de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês).
O jornalista Glenn Greenwald, que revelou o sistema de espionagem eletrônica do governo norte-americano, foi coautor da reportagem. Segundo ele, um código incluído em documentos classificados como ultrassecretos entregues pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden indica que a presidente brasileira foi alvo de espionagem. Glenn Greenwald diz que recebeu o documento em junho junto com inúmeros outros papéis secretos.
A reportagem do Fantástico conversou com Snowden por um programa de bate-papo na internet protegido contra espionagem. O ex-técnico da CIA disse, no entanto, que por exigência do governo da Rússia, onde está exilado, não pode comentar o conteúdo dos documentos.
O jornalista Glenn Greenwald ressalta, por sua vez, que “ficou muito claro, com esses documentos, que a espionagem já foi feita, porque eles não estão discutindo isso só como alguma coisa que eles estão planejando. Eles estão festejando o sucesso da espionagem”.
O documento entregue por Snowden é datado de junho de 2012 e revela dois alvos: o presidente do México, Enrique Peña Nieto, na época ainda candidato à presidência, e a presidente do Brasil, Dilma Rousseff.
De acordo com a reportagem do Fantástico, após o alvo ser selecionado, a NSA monitora os números de telefone, os e-mails e a identificação do computador da pessoa e dos interlocutores escolhidos. Nesse caso, da presidente Dilma e de seus assessores.
O objetivo da operação de espionagem de Dilma é descrito da seguinte forma: “melhorar a compreensão dos métodos de comunicação e dos interlocutores da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e seus principais assessores”.
Um gráfico revela toda a rede de comunicações da presidente Dilma com seus assessores. Não há, entretanto, exemplos de mensagens ou ligações entre Dilma e seus ministros.
O documento diz ainda que o método de espionagem usado é “uma filtragem simples e eficiente que permite obter dados que não são disponíveis de outra forma. E que pode ser repetido”. A reportagem do Fantástico ressalta que a afirmação de que o método “pode ser repetido” leva a crer que a operação de espionagem foi realizada.
Não está claro se houve participação de espiões em território brasileiro, ou se a interceptação das ligações de Dilma foi feita apenas com acesso às redes de comunicação.
Edward Snowden disse a Glenn Greenwald que “a tática do governo americano desde o 11 de setembro é dizer que tudo é justificado pelo terrorismo, assustando o povo para que aceite essas medidas como necessárias. Mas a maior parte da espionagem que eles fazem não tem nada a ver com segurança nacional, é para obter vantagens injustas sobre outras nações em suas indústrias e comércio em acordos econômicos”.
Um outro documento citado pelo Fantástico revela que uma divisão inteira da NSA é dedicada à política internacional e atividades comerciais.
O governo brasileiro vai pedir explicações ao governo norte-americano sobre essas novas denúncias de espionagem. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se reuniu com a presidente Dilma neste domingo para tratar do assunto. O embaixador norte-americano no Brasil, Thomas Shannon, será chamado para dar esclarecimentos. O governo brasileiro também vai cobrar explicações formais dos EUA e recorrer a órgãos internacionais, como a ONU, para discutir a violação de direitos de autoridades e cidadãos brasileiros.


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