quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

POUCO MENOS QUE UM MACACO


Pouco mais de 1% dos genes diferencia o homem de um chimpanzé. Ainda assim, do ponto de vista cognitivo, a distância entre um e outro é notável. Por mais inteligentes que sejam não foram eles que inventaram a roda. E, a não ser em filmes de ficção científica, jamais colocarão humanos dentro de uma jaula para estudá-los em laboratório. Questões como essas tiram o sono de pesquisadores evolutivos, que buscam entender por que, mesmo compartilhando 98,8% das sequências genéticas com seus parentes próximos, o Homo sapiens se diferenciou, tornando-se uma espécie à parte, devido à sua inteligência.
A resposta pode estar na plasticidade do cérebro humano, que, principalmente durante os primeiros anos de vida, é capaz de absorver e estocar informações obtidas no meio ambiente, de forma impressionantemente ativa. Acredita-se que essa é uma característica única no reino animal. Agora, uma equipe internacional de pesquisadores liderados pelo Instituto Max Planck, da Alemanha, identificou no córtex pré-frontal uma intensa comunicação entre neurônios, chamada sinaptogênese, que ocorre apenas em humanos.
Esse mecanismo é conhecido por ser crítico para garantir a aprendizagem e a estocagem de informação no cérebro durante sua fase de desenvolvimento. No processo, ocorre a formação, o fortalecimento e a eliminação de algumas conexões sinápticas, resultando na habilidade humana de raciocinar. A sinapse é uma estrutura no sistema nervoso central que permite aos neurônios passarem sinais químicos ou elétricos uns para os outros.
“O que nos motivou nessa pesquisa foi tentar descobrir o que faz do cérebro humano um órgão tão especial, quando comparado ao dos chimpanzés e ao de outros primatas mais distantes”, conta Phillip Khaitovich, pesquisador de antropologia evolutiva no Instituto Max Planck e integrante da Academia Chinesa de Ciência. Como não é possível retirar células vivas do cérebro, os pesquisadores usaram amostras de tecidos post-mortem de indivíduos saudáveis, que morreram de outras causas que não doenças. Da mesma forma, eles obtiveram os neurônios de macacos. Com técnicas avançadas, fizeram análise do DNA do material para investigar como os genes se expressam após o nascimento.

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